Lembrei de um dia em que levei meus pais e meu filho para um pesque-e-pague, lá para as bandas do Ribeirão Grande do Norte.
Meu Filho contava com pouco mais de três anos e nosso Pai Giga, já bastante debilitado e sem poder falar, estava devidamente acomodado em sua cadeira de rodas, todo faceiro. Ele adorava "passear" (uma das poucas palavras que conseguia balbuciar depois do seu último AVC).
Nossa Mãe Traudi naquele tempo ainda cultivava seus longos cabelos escuros, ajeitados em forma de trança/coque. Todos demonstravam muita ansiedade e alegria naquele programa de domingo e não viam a hora de jogar os anzóis.
O local era de difícil acesso, mas o dia prometia boa pescaria. Nossa Mãe estava com muita sorte e Papai não ficava atrás. A mim cabia colocar as iscas, enquanto meu filho reclamava que elas desapareciam muito rapidamente (era a sua primeira experiência como pescador).
Foi quando a sua linha balançou freneticamente e ele, todo agitado, puxou o anzol para ver o que havia pescado.
Deitado sobre a grama debatia-se minúsculo peixinho com o anzol preso às guelras, observado de perto pelo olhar condoído de seu pescador, que implorava:
- Tira o anzol dele Mamãe, ele é um peixinho criança! A Mãe dele deve estar muito triste, procurando por ele dentro da lagoa. Não deixa morrer, por favor!
Pedido feito, pedido atendido. Assistindo o peixinho retornar ao seu habitat, meu pequeno pescador deixou de lado o anzol e sentou-se no barranco, ao lado do avô, onde permaneceu em silêncio por alguns instantes, reflexivo e olhando para o lago. E então decretou:
- Não vou mais comer peixinhos, eles agora são meus amigos.
Foi difícil disfarçar a emoção e contra-argumentar. Dos peixes pescados, limpos e fritos, meu filho não aceitou um pedaço sequer, mantendo-se firme e determinado de que eles eram seus amiguinhos e que TODOS deveriam ter sido devolvidos ao lago.
E assim foi, por muito tempo. Para fazê-lo comer peixes, frango ou outras carnes, era necessário processá-las de tal maneira que não as identificasse.
Esse é o meu guri; ainda hoje sensível, questionador e defensor de todos os seus amigos, não importando a sua forma.
Meu Filho contava com pouco mais de três anos e nosso Pai Giga, já bastante debilitado e sem poder falar, estava devidamente acomodado em sua cadeira de rodas, todo faceiro. Ele adorava "passear" (uma das poucas palavras que conseguia balbuciar depois do seu último AVC).
Nossa Mãe Traudi naquele tempo ainda cultivava seus longos cabelos escuros, ajeitados em forma de trança/coque. Todos demonstravam muita ansiedade e alegria naquele programa de domingo e não viam a hora de jogar os anzóis.
O local era de difícil acesso, mas o dia prometia boa pescaria. Nossa Mãe estava com muita sorte e Papai não ficava atrás. A mim cabia colocar as iscas, enquanto meu filho reclamava que elas desapareciam muito rapidamente (era a sua primeira experiência como pescador).
Foi quando a sua linha balançou freneticamente e ele, todo agitado, puxou o anzol para ver o que havia pescado.
Deitado sobre a grama debatia-se minúsculo peixinho com o anzol preso às guelras, observado de perto pelo olhar condoído de seu pescador, que implorava:
- Tira o anzol dele Mamãe, ele é um peixinho criança! A Mãe dele deve estar muito triste, procurando por ele dentro da lagoa. Não deixa morrer, por favor!
Pedido feito, pedido atendido. Assistindo o peixinho retornar ao seu habitat, meu pequeno pescador deixou de lado o anzol e sentou-se no barranco, ao lado do avô, onde permaneceu em silêncio por alguns instantes, reflexivo e olhando para o lago. E então decretou:
- Não vou mais comer peixinhos, eles agora são meus amigos.
Foi difícil disfarçar a emoção e contra-argumentar. Dos peixes pescados, limpos e fritos, meu filho não aceitou um pedaço sequer, mantendo-se firme e determinado de que eles eram seus amiguinhos e que TODOS deveriam ter sido devolvidos ao lago.
E assim foi, por muito tempo. Para fazê-lo comer peixes, frango ou outras carnes, era necessário processá-las de tal maneira que não as identificasse.
Esse é o meu guri; ainda hoje sensível, questionador e defensor de todos os seus amigos, não importando a sua forma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário