
Meados de 1978. Meu então namorado convidou-me e aos seus amigos para um programa diferente: Um baile na roça.
O “clube”, típico, rústico e frequentado em sua grande maioria por descendentes de alemães, foi literalmente invadido pelas moças e moços da cidade, que eram observados por aquele olhar inquisidor, daquele que reprova indumentárias e atitudes.
Dançamos e bebemos alegremente, até que a bebida começou a fazer efeito. Em companhia de meu namorado, dirigi-me ao balcão de bebidas e, tentando parecer super educada, informei ao “fiscal” (sim, havia um fiscal de bons modos no baile) que desejava uma toalete.
E ele foi curto e grosso na resposta:
- Não tem disso aqui; só tem cuba e cerveja. E virou-me as costas.
Para o nosso grupo tudo era motivo de riso, mas para mim, a necessidade falava mais alto. Então voltei a insistir, e desta vez junto a uma senhorinha de avental que “espiava” curiosa atrás da porta da cozinha.
Mudei a pergunta:
- Por favor senhora, onde fica o banheiro?
E ela, meio desconfiada respondeu:
- Aqui não tem banheiro, só PATENTE!
- Ah! Isto, isto, respondi. E onde fica?
- Lá no PASTO e lá dentro não tem luz.
Saí pela porta dos fundos e meu acompanhante tentava iluminar a “picada” com um isqueiro (picada é um caminho aberto, geralmente a foice ou facão, numa mata) .
Lá chegando e ao abrir a tramela (tranca para portas, moldada em madeira),visualizei e mentalizei o local, fechando-o atrás de mim.
Após abaixar a lingerie, busquei me apoiar com a mão esquerda sobre o assento e só então percebi que não havia apenas um buraco no tampão de madeira e sim dois. Um “Senior” e outro “Junior”.
E o meu braço afundou no Senior, causando-me arrepios, risos e nojo.
E cadê o papel, gritei?
Do lado de fora, meu namorado já bêbado e boca suja respondeu:
- Usa o “Sabugo”; está na tua frente em um balde. (Conseguem imaginar a situação? Fazer o quê?)
Voltamos do pasto, abraçados e rindo muito, e, por sorte, encontramos uma torneira afixada do lado de fora na parede do clube, onde pude higienizar as mãos e braços, evitando o assédio das moscas.
Reencontramos alguns de nossos amigos ainda dançando freneticamente naquele salão, cujo piso estava polvilhado de farinha de milho para escorregar melhor, enquanto outros já tinham sido convidados a se retirar daquele “baile familiar” por mau comportamento, pelos “fiscais de bons modos” .
QUEM NÃO TEM HISTÓRIAS, NÃO VIVEU!!!
(Em tempo:- A "Patente" estava edificada sobre um riacho, pois ouvia-se o barulho de água corrente e o quá-quá de marrecos ou patos. Bom apetite!)
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