terça-feira, 20 de agosto de 2013

Quero um calmo coração, sem stress, sem ambição, pois da vida só se leva, a vida que a gente leva. Então, só por acordar, quero a Deus agradecer, pela graça de viver – e VIVER, sem disputar, sem ter nada que provar, sem mais nada a temer.
Não quero emagrecer, nem pensar em morrer, muito menos ter horários, compromissos desnecessários, acordar cedo, viver com medo.
Não quero virar fundista, endeusar algum artista, fazer regime e pensar que é um crime, andar na moda, dizer:
- SOU FODA!
Não tolero cobranças, convites para festanças, excursão de aposentados ou viagens para termais. Nem TER mais eu quero, tenho tudo que preciso e o que não tenho, improviso;
ÀS VEZES, MENOS É MAIS.

(escrevi hoje, ao acordar tarde e constatar o quanto sou abençoada - RM 20.08.2013)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

BAILE NA ROÇA...


Meados de 1978. Meu então namorado convidou-me e aos seus amigos para um programa diferente: Um baile na roça.

O “clube”, típico, rústico e frequentado em sua grande maioria por descendentes de alemães, foi literalmente invadido pelas moças e moços da cidade, que eram observados por aquele olhar inquisidor, daquele que reprova indumentárias e atitudes.
Dançamos e bebemos alegremente, até que a bebida começou a fazer efeito. Em companhia de meu namorado, dirigi-me ao balcão de bebidas e, tentando parecer super educada, informei ao “fiscal” (sim, havia um fiscal de bons modos no baile) que desejava uma toalete.
E ele foi curto e grosso na resposta:
- Não tem disso aqui; só tem cuba e cerveja. E virou-me as costas.
Para o nosso grupo tudo era motivo de riso, mas para mim, a necessidade falava mais alto. Então voltei a insistir, e desta vez junto a uma senhorinha de avental que “espiava” curiosa atrás da porta da cozinha. Mudei a pergunta:
- Por favor senhora, onde fica o banheiro?
E ela, meio desconfiada respondeu: 
- Aqui não tem banheiro, só PATENTE! 
- Ah! Isto, isto, respondi. E onde fica? 
- Lá no PASTO e lá dentro não tem luz.
Saí pela porta dos fundos e meu acompanhante tentava iluminar a “picada” com um isqueiro (picada é um caminho aberto, geralmente a foice ou facão, numa mata) .
Lá chegando e ao abrir a tramela (tranca para portas, moldada em madeira),visualizei e mentalizei o local, fechando-o atrás de mim. 
Após abaixar a lingerie, busquei me apoiar com a mão esquerda sobre o assento e só então percebi que não havia apenas um buraco no tampão de madeira e sim dois. Um “Senior” e outro “Junior”.
E o meu braço afundou no Senior, causando-me arrepios, risos e nojo.
E cadê o papel, gritei? 
Do lado de fora, meu namorado já bêbado e boca suja respondeu: 
- Usa o “Sabugo”; está na tua frente em um balde. (Conseguem imaginar a situação? Fazer o quê?) Voltamos do pasto, abraçados e rindo muito, e, por sorte, encontramos uma torneira afixada do lado de fora na parede do clube, onde pude higienizar as mãos e braços, evitando o assédio das moscas. Reencontramos alguns de nossos amigos ainda dançando freneticamente naquele salão, cujo piso estava polvilhado de farinha de milho para escorregar melhor, enquanto outros já tinham sido convidados a se retirar daquele “baile familiar” por mau comportamento, pelos “fiscais de bons modos” .
QUEM NÃO TEM HISTÓRIAS, NÃO VIVEU!!! 

(Em tempo:- A "Patente" estava edificada sobre um riacho, pois ouvia-se o barulho de água corrente e o quá-quá de marrecos ou patos. Bom apetite!)